Retratutida: como age no organismo e quando é utilizada
Entenda o que é a retratutida (retatrutide), como esse novo análogo hormonal atua no organismo, quais resultados os estudos têm mostrado em obesidade e diabetes e por que, por enquanto, seu uso é restrito a pesquisas clínicas.
Pensando em tratar obesidade ou diabetes com medicamentos?
Conecte-se com um médico online e saiba quais opções aprovadas hoje são mais adequadas para o seu caso, sempre com segurança e acompanhamento individualizado.
A chamada Retratutida, cujo nome internacional é retatrutide, é uma molécula em estudo para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. Ela pertence a uma nova geração de medicamentos que agem simultaneamente em três receptores hormonais: GLP-1, GIP e glucagon. Por isso, é conhecida como um “triple agonist”, ou agonista triplo de hormônios intestinais.
Em um importante ensaio clínico de fase 2 publicado no New England Journal of Medicine (NEJM), a retatrutide levou a reduções de peso que chegaram a mais de 20% do peso corporal em 48 semanas em adultos com obesidade, números que chamaram atenção pela magnitude da perda de peso.
Apesar dos resultados promissores, é fundamental reforçar que, até o momento, a retratutida ainda é um medicamento experimental, em fase de estudo, sem aprovação para uso rotineiro em consultórios e farmácias. Seu uso ocorre dentro de protocolos de pesquisa rigorosos, com seleção criteriosa de participantes e acompanhamento próximo.
Quer saber se existe tratamento medicamentoso para o seu caso?
Um médico online pode avaliar seu peso, exames e histórico e indicar opções já aprovadas hoje, como análogos de GLP-1 e outras terapias.
O que é a retratutida (retatrutide)?
A retatrutide é um peptídeo sintético desenvolvido para agir em três receptores: GLP-1 (glucagon-like peptide-1), GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide) e glucagon. Esses hormônios participam de mecanismos complexos de regulação do apetite, da glicose e do gasto energético.
Diferentemente de medicamentos já conhecidos, como a semaglutida (agonista de GLP-1) e a tirzepatida (agonista duplo de GLP-1 e GIP), a retratutida adiciona o efeito sobre o receptor de glucagon. Estudos recentes, inclusive uma revisão em periódicos de alto impacto em medicina metabólica, sugerem que essa combinação pode potencializar a perda de peso ao atuar tanto em redução de apetite quanto em aumento do gasto calórico.
Como a retratutida age no organismo
De forma simplificada, a ação da retratutida pode ser entendida a partir de cada receptor:
- GLP-1: ajuda a reduzir o apetite, aumenta a sensação de saciedade, retarda o esvaziamento gástrico e melhora a secreção de insulina de forma glicose-dependente.
- GIP: participa do chamado “efeito incretina”, contribuindo para resposta de insulina às refeições; sua modulação pode aprimorar ainda mais o controle glicêmico em algumas pessoas.
- Glucagon: além de atuar na glicose, parece ter papel em aumento de gasto energético e mobilização de reservas, e o estímulo controlado desse receptor, em conjunto com GLP-1 e GIP, pode favorecer maior perda de gordura corporal.
A grande diferença está no efeito combinado desses três eixos. Ensaios de fase 2 mostraram reduções de peso que ultrapassam 20% após 48 semanas em adultos com obesidade, com doses mais altas atingindo em média 24,2% de perda de peso em alguns grupos de estudo. Esses dados foram amplamente discutidos em artigos de revisão e em editoriais como “Triple G Agonists — A Home Run for Obesity?”, no NEJM.
Quando a retratutida é utilizada atualmente
Neste momento, a retratutida não faz parte do arsenal de medicamentos disponíveis em farmácias nem está aprovada para uso de rotina em consultórios, ambulatórios ou telemedicina. Seu uso é restrito a:
- Ensaios clínicos controlados para obesidade em adultos com IMC elevado;
- Estudos em pessoas com diabetes tipo 2 e excesso de peso;
- Subestudos que avaliam impacto em gordura hepática e doenças metabólicas associadas.
Esses estudos seguem protocolos rigorosos de pesquisa, com critérios de inclusão e exclusão bem definidos, monitorização de eventos adversos, exames seriados e equipes multiprofissionais acompanhando os participantes.
Instituições como a American Diabetes Association (ADA) têm apresentado resultados desses estudos em congressos internacionais, reforçando o potencial da molécula — mas sempre lembrando que se trata de um agente ainda em desenvolvimento.
O que já se sabe, em resumo
- ✔️ É um agonista triplo (GLP-1, GIP e glucagon);
- ✔️ Mostrou perdas de peso médias acima de 20% em estudos de fase 2;
- ✔️ Melhorou parâmetros metabólicos, como glicemia e gordura hepática, em alguns subestudos;
- ✔️ Ainda está em fase de pesquisa, sem aprovação por agências regulatórias para uso rotineiro;
- ✔️ Deve ser usada apenas em ensaios clínicos, com monitorização rigorosa.
Efeitos colaterais e pontos de atenção
Como outros medicamentos que atuam no eixo incretínico, os efeitos colaterais mais comuns descritos com retratutida envolvem o sistema gastrointestinal:
- Náuseas e vômitos, principalmente no início do tratamento ou durante aumento de dose;
- Diarreia ou, em alguns casos, constipação;
- Desconforto ou dor abdominal;
- Perda de apetite acentuada.
Estudos também observam alterações em marcadores cardiovasculares e metabólicos (pressão arterial, frequência cardíaca, perfil lipídico), o que exige acompanhamento detalhado. Por ser uma ferramenta potente de redução de peso, também há preocupação com perda de massa magra e a necessidade de associar atividade física e ingestão adequada de proteína.
A longo prazo, ainda não existem dados definitivos sobre segurança cardiovascular, pancreática e biliar, entre outros pontos. É justamente para responder a essas perguntas que ensaios de fase 3 estão em andamento.
Mercado paralelo e riscos de produtos não aprovados
Com a divulgação dos resultados iniciais, a retratutida passou a ser citada em redes sociais, fóruns e até em sites que oferecem “canetas de pesquisa” ou “versões manipuladas” do produto. É importante enfatizar: essas preparações não são medicamentos aprovados, não passam por controle oficial de qualidade e podem conter doses incorretas, impurezas ou até outras substâncias.
Assim como já acontece com análogos de GLP-1 falsificados, adquirir compostos chamados de “retatrutide” fora de estudos clínicos representa um risco significativo à saúde. O mais seguro é discutir com o médico as opções já aprovadas por Anvisa e acompanhar de perto as novidades por meio de fontes confiáveis, como revistas científicas, sociedades médicas e órgãos regulatórios.
O que pode mudar no futuro do tratamento da obesidade
Se os resultados dos estudos de fase 3 confirmarem a eficácia e segurança da retratutida, é provável que, no futuro, ela se torne mais uma opção para o manejo da obesidade e do diabetes tipo 2, possivelmente reservada para casos com maior grau de obesidade ou falha a outros tratamentos.
Até lá, a conduta indicada é trabalhar com o que já temos disponível: mudança de estilo de vida, abordagem nutricional estruturada, atividade física regular, acompanhamento psicológico quando necessário e, em casos selecionados, uso de medicamentos aprovados para obesidade e diabetes, além da avaliação de procedimentos endoscópicos ou cirurgia bariátrica quando indicado.
Se você tem obesidade, pré-diabetes ou diabetes tipo 2 e quer entender melhor as alternativas terapêuticas já possíveis hoje, pode conversar com um médico pela telemedicina. No Meu Doutor 24 Horas, é possível discutir seu caso, revisar exames e montar um plano individualizado.
Faça uma consulta online e receba orientação segura sobre medicamentos aprovados para obesidade e diabetes, sem recorrer a substâncias experimentais do mercado paralelo.
Disclaimer: Este conteúdo é informativo e não substitui consulta médica. A retratutida/retatrutide é um medicamento em estudo, não aprovado para uso rotineiro no momento. Nunca utilize substâncias compradas fora de canais regulados e converse sempre com um médico antes de iniciar, ajustar ou suspender qualquer tratamento.